quarta-feira, 27 de julho de 2011

O BRASIL SEM MISÉRIA

     É notável a capacidade que o nosso governo tem de produzir notícias alvissareiras sem necessariamente produzir ações equivalentes.
     O governo diz que quer um país sem miséria, e para isso lança planos nacionais, priorizando os "mais necessitados", mas não toma medidas para impedir que continuem necessitados.
     Uma parte do projeto de um país sem miséria propõe a criação e instalação de um milhão de cisternas que acumularão as águas das chuvas para o uso nas épocas de seca. Excelente para propaganda  mas péssimo como solução para o nordeste.
     A falta de água é um problema tremendo e é claro, as cisternas amenizam a necessidade e a dependência de deslocamento para consegui-la.
     Parte da falta de água, histórica em nosso sertão, se deve sobretudo a maneira errada da exploração da terra, com cultivos errados a supressão de vegetação nativa e a inserção de cultivos não "naturais" e portanto não adaptados à região.
     A supressão da vegetação nativa, quer para cultivo ou para formar pastagens, potencializa os efeitos climáticos do excesso de sol no verão seco e impede a retenção de água e aumenta a erosão do solo no inverno chuvoso.
     Não vejo campanhas públicas para evitar as queimadas, vício nativo tão arraigado que poucas agricultores aram a terra, quer com tratores ou arados movidos por animais. Simplesmente queimam.
     Quem faz campanha anti queimadas é a empresa de energia elétrica e as empresas que plantam eucaliptos para celulose. Nada de organismos públicos.
     Portanto muito mais se faria para o nordeste e para a renda dos pequenos agricultores se a instalação de cisternas viesse implementada de trabalho sério modificando a raiz do problema. A maneira errada de exploração.
     Para ilustrar, as regiões agrícolas mais prósperas e em crescimento da Bahia, são ocupadas por agricultores gaúchos, paranaenses e paulistas (basicamente no sudoeste e oeste do estado) que mesmo sem incentivos oficiais, trouxeram novas técnicas. Não encontraram mão-de-obra e nem infraestrutura. Foram pioneiros.

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