segunda-feira, 26 de agosto de 2013

MAIS MÉDICOS

     É claro, ninguém pode ser contra incremento de profissionais em áreas carentes destes profissionais.
     O problema do "Mais Médicos", está no forma como se faz a contratação e na  defesa ideológica da ideia.
     Invariavelmente os defensores, desqualificam os que não defendem a ideia, com argumentos  tais como: Elites, corporativistas, oposição reacionária como se estivéssemos numa luta constante entre o bem e o mal.
     Essa comparação entre direita (sempre má) e esquerda (sempre boa) simplifica demais a discussão.
     Como comparar a vinda de médicos cubanos com a ida de empregados de empreiteiras para obras no exterior? Os empregados das empreiteiras não obedecem as leis dos países onde trabalharão? Terão sua liberdade vigiada, ficarão impedidos de ir e vir, pelas leis brasileiras e não pelas do país onde estão? Serão impedidos, se assim desejarem e as suas custas, levar seus familiares? E as obras não serão avaliadas por organismos internos dos países?
     Então as coisas são diferentes e incomparáveis.
     Mais, estamos tratando de saúde pública, se a importação fosse de professores para as escolas públicas,  a gritaria não seria a mesma? 
     Precisamos sim de médicos, mas o fato de o governo patrocinar a ideia não significa que ela seja correta, deveria, mas não é.
     O governo com essas medidas sacramenta um modo de governar não desejável.
     Não planeja, não implanta políticas de governo sólidas e que possam resistir aos sucessivos governos, próprios da democracia.
     Essa forma de governar  improvisada, sempre na emergência, calculada apenas para a próxima eleição, não defende os direitos de quem dizem defender, defende os seus quinhões e seu poder.
     As discussões intermináveis não estão no campo técnico, mas no campo ideológico, campo onde as pessoas se recusam a pensar, seguem cartilhas preestabelecidas e geralmente distorcem os fatos para caber nas intenções.
     Nada se fala na infraestrutura que falta, nos problemas de gestão e inexistência de regras claras, nos planos de saúde que exploram o mercado as seu bel prazer.
     Politizando a discussão, não chegaremos a bom termo.
     Idealizando as opiniões também não. 
     Como está sendo implementado, o projeto, parece fruto de um plano maquiavélico, gestado em algum porão, que só esperava uma condição favorável e ou criada para ser implementado. 
     Os manifestos das ruas exigiram medidas "emergenciais", ou a ocasião especial para sacar da gaveta mais um plano de poder.
     A nova forma de governar é a que os fins justificam os meios, ou nas palavras da D. Dilma, nas eleições se faz o diabo para ganhá-las.
     Esse comportamento não combina com democracia, com desenvolvimento, mas combina com ditaduras e atraso.









segunda-feira, 5 de agosto de 2013

MANEIRA ESTRANHA DE GOVERNAR

          A Dona Dilma deve andar mal assessorada. Não é possível.
          Atrasa-se na recepção do Papa Francisco, postergando o cerimonial e fazendo o avião da Alitalia, dar voltas.
          Não foi o bastante, teve o discurso de recepção parecendo um palanque eleitoral tecendo loas às realizações do seu partido no governo.
          Na despedida, além do convite recusado de um presidente de país vizinho, aparece ao lado de um líder sul americano, procurado pela Interpol.
          Anuncia medidas para resolver os problemas do país e logo em seguida volta atrás, como no caso dos cursos de medicina aumentados em dois anos e anulados depois, anúncio da importação de médicos e postergada depois, a portaria que reduziria a idade para tratamento de mudança de sexo, anulada depois.
          Isso tudo em uma semana.
          Disse também que Lula não vai voltar à presidência porque nunca saiu.
          Nada errado em se consultar os mais experientes para construir uma solução para os problemas, não esquecendo que o responsável é quem tem a caneta.
          O governo não pode ser um lugar para amadores, nem acho que quem governe, quem quer que seja, tenha a condição de saber tudo.
          Para isso existem assessores, que se bem escolhidos e prioritariamente o fossem por competência, alinhariam os discursos com a legalidade, bom senso e evitariam tantos tropeços.
          A fama de gerente competente, está cada vez mais distante.
          Está mais para uma gerentona autoritária, mal humorada e arrogante.
          Qualquer gestor, público ou privado, que se cerca de bajuladores e não dos mais competentes, compromete o desempenho.
          Anunciar intenções funciona num momento inicial, mas sem algo palpável, o ânimo inicial passa ao descrédito.
          Atender as expectativas de 200 milhões de brasileiros não deve ser coisa fácil.
          Fazer proselitismo, sectarismo e adaptar os discursos a cada plateia sem uma coerência, uma linha mestra seguramente é o caminho para desagradar a todos.
          Se mudanças são necessárias, é consenso, se o sistema é presidencialista, com três poderes independentes e ampla maioria no congresso , porque governar com medidas provisórias?
          Assuntos espinhosos devem ser discutidos até que os avanços possíveis sejam incorporados e passaremos a uma nova fase, é o rito da democracia, nem sempre na velocidade desejável, mas sempre avançando o possível.
          Discordar ou querer de outra forma usando formas legais e previstas, deve ser incentivado.
          A diversidade permite a criatividade e soluções coerentes, coisa rara nas autocracias que fazem tudo, sabem tudo.
          Também não ajuda a governar a necessidade de nestes 10 anos de PT, não reconhecer que a situação brasileira atual é fruto de incontáveis erros e acertos de governos anteriores, somados resultam nos tempos atuais.
          Mais fácil seria partir de onde paramos e galgar os avanços possíveis, que sempre iniciar novos caminhos, porque os governos anteriores não eram correligionários.
          As experiências anteriores somadas aos conhecimentos e necessidades atuais, devem embasar as decisões. A necessidade de minimizar feitos anteriores e exagerar feitos atuais, talvez não tenha grande influência em partidas de futebol, mas nas gestões são devastadoras.
         

          

A GRANDE ENGANAÇÃO

Nunca antes na história deste país... (parafraseando o ex ou não presidente da república), um governante teve tanta maioria no congresso nacional.
          Portanto, todas as reformas desejadas e necessárias poderiam ser propostas pelo executivo, e com as devidas discussões, adaptariam o país às necessidades atuais.
          Isso não ocorre.
          Cabeças coroadas vivem às trombadas.
          Engolimos medidas provisórias sem urgência, solapando as discussões necessárias do congresso.
          A nova forma de governar é anunciar planos, com pompa e discursos arrogantes, reescrever a história, tecer loas as promessas de realizações, quase sempre perfumarias.
          Irrita-me a necessidade de comparação com FHC.
          FHC teve falhas e acertos, entretanto invariavelmente o PT deseja reescrever a história desfazendo os atos governamentais de FHC, sempre buscando uma acusação, um porém, uma informação que volta de vez em quando com “novos documentos”, com novas descobertas.
          Pergunto-me, se existiram tantos erros, corrupção, desvios, caixa dois e o que quer que seja, porque voltam em ondas? Porque não voltam com os devidos processos administrativos, judiciais ou o que couber?
          Sempre voltam por notícias nebulosas da imprensa/internet em informativos ligados ao governo federal, por anúncios de empresas públicas ou visivelmente vinculados por afinidades ideológicas ou partidárias.
          Quase nada tem origem nos órgãos competentes que existem com o fim de fiscalizar os atos referidos.
          Retorna à divulgação a tal lista de Furnas, que vai e vem, como coringa, num jogo de cartas, guardada com laudos de veracidade e repassadas com tons de novidade.
          Mais espantoso é o caso da acusação de formação de cartel nas obras do metrô de São Paulo, acusação genérica, que tramita no CADE, órgão visivelmente aparelhado, (em segredo de justiça, o acusado não sabe sequer do que o acusam, portanto não consegue se defender) e que vem a baila, justamente num momento de crise de credibilidade no governo do PT às vésperas de uma eleição decisiva.
          Mais do que isso, embora a empresa vencedora das licitações negue, comenta-se que ela tenha divulgado a tal formação de cartel para poder se beneficiar da delação premiada.
          Pode ser tudo verdade e, portanto punam-se os culpados.
          O modus operandi é que é questionável.
          Não é possível imaginar que um país, um município ou um estado possa ser reconstruído a cada troca de governo. Lógico seria pensar que o sucessor aproveite os casos de sucesso e ajustasse ações adaptando-as às necessidades e informações atuais.
          Isso foi o que Lula fez no primeiro governo pós-FHC e foi reeleito.

          Portanto, eu desconfio de quem tem gasta mais tempo para apontar erros dos outros que concretizar as próprias realizações.