quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ESQUERDA E DIREITA

     Na minha juventude, nessa época lutava-se para o fim do regime militar, a esquerda era a salvação, a democracia, luta por direitos à liberdade de expressão, livre associação, exposição de ideias e principalmente, preocupação com a falta de oportunidades, que a nosso ver a direita não deixava sobrar para a população,  através da alienação servil.
     A esquerda, progressista inovava, comparava outros países, criticava o consumismo, morria de amores pelo socialismo e reivindicava do governo mais espaço e representatividade. Sindicatos, Associações de estudantes e movimentos sociais, estavam fortes e levantavam bandeiras que pareciam tão óbvias que só os reacionários conservadores da direita não davam importância.
     O crescente das manifestações derrubou a ditadura, instaurou nova constituinte, governos da oposição assumiram e numa transição relativamente tranquila, passamos a uma nova fase, dita genericamente como democrática.
     Digo genericamente, pois democracia não é absolutamente só votar e escolher quem desejamos como nosso governante.
     Democracia pressupõe que as diversas correntes de pensamentos, representadas nas vitórias dos eleitos ou não, possam ser ouvidas e conjuntamente encontrem soluções possíveis para os problemas e expectativas existentes.
     Antigamente tínhamos a ditadura, que não ouvia ninguém, decidia o que lhe convinha e impunha a sua vontade graças a sua maioria, composta por uma elite que dominava o poder em várias esferas e nas escalas da hierarquia.
     Pouco era o espaço possível para a oposição. Mas esperneávamos muito, gritávamos, íamos as ruas, produzíamos jornais, revistas, manifestos e nos reuníamos para decifrar o que estava embutido em cada decisão do poder.
     Hoje, com o passar do tempo, vejo que nem tudo estava tão mal assim.
     Continuo discordando da forma como era feito, no entanto algumas das decisões do poder da época até consigo defender sem rubores.
     Havia a necessidade de proporcionar desenvolvimento ao país, expandir estradas, a fronteira agrícola, ocupar territórios e tirar vantagem dos nossos recursos naturais.
     Bem ou mal atingimos em algumas áreas, como na agricultura, pecuária, energia e produção mineral,  lideranças mundiais.
     Enfim a democracia.
     O que poderia parecer o paraíso não é.
     Trocamos as siglas, nos sentimos menos mandados, mas somos tão excluídos como antes com a desvantagem de que não mais esperneamos, gritamos e nem mais saímos as ruas para manifestar algum desagrado.
     Os sindicatos não mais combatem a exploração, fundaram partidos políticos que chegaram ao poder e portanto não podem reclamar de si mesmos.
     As ONGs, incrivelmente, viraram sócias do governo e o servem pois grande parte delas utiliza os recursos públicos repassados para atividades não publicáveis e não previstas nos estatutos.
     As associações de estudantes, caso da UNE, recebe patrocínios milionários de verbas públicas, como é o caso da reunião recente de Goiânia, inclusive com a visita do ex-presidente Lula, claro ovacionado.
     Os programas sociais, todos sem excessão, amplamente divulgados, dizem uma coisa e fazem outra. Observe-se o caso do programa minha casa minha vida, que deveria proporcionar casas subsidiadas a quem de outra forma não a poderia adquirir. Na verdade atende ao interesse de empresas do ramo imobiliário, que com recursos fartos do governo enriquecem, constroem imóveis geralmente em locais longínquos, que demandarão investimentos em infra-estrutura, as vezes, à revelia dos gestores municipais, responsáveis pela regulamentação da ocupação do solo, que se veem compelidos a aprovar os empreendimentos de qualquer maneira para não pagar o ônus político.
     Sem falar nos custos altos dessas construções e na qualidade questionável, pois sobram denúncias na imprensa de problemas nas construções.
     A geração de empregos e a consequente geração de renda mascara as intenções ocultas, os votos no governo federal e os lucros das empresas imobiliárias, não por acaso as maiores doadoras das campanhas políticas.
     Perdemos a vergonha.
     Os sindicatos, associações estudantis e outras entidades, não mais clamam por justiça, interessadas que estão nos dividendos que estão colhendo.
     A imprensa, talvez seja a última trincheira, a última esperança.
     Mudamos as siglas, os métodos (aparentemente menos autoritários), mas com resultados tão nefastos quanto antes, porém com um agravante, ninguém esperneia.
     O que dizer das medidas provisórias, da utilização da máquina pública para impor suas verdades, abortar discussões, impondo unanimidade?
     O que sei, é que minhas definições de esquerda e direita não estão mais adequadas.
     Reacionária, vingativa e aproveitadora são qualidades que não mais podem ser atribuídas a um grupo político que antes atendia pelas ideologias da direita.
    

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

AUTORIDADES E ENTES PÚBLICOS

     Não sei se a minha leitura é seletiva ou se somente vejo as notícias que corroborem minha antevisão dos fatos.
     Parece haver uma má vontade dos órgãos e entidades públicas no cumprimento de suas funções constitucionais.
     Os escândalos de corrupção governamentais, os casos de fiscalização de desvios de verbas públicas, o não cumprimento de leis trabalhistas e ambientais, só ganham tratamento público, em sua maioria, após serem esmiuçados, comprovados e publicados na imprensa.
     Combate a corrupção e a algum ilícito outro é dever de nossas autoridades e entidades públicas.
     Raramente nossos entes públicos atuam de forma didática neste sentido.
     Tribunais de contas, a polícia nas apreensões de drogas e eventualmente desbaratando alguma quadrilha a polícia federal e a receita federal (sim esta não perdoa),são excessões honrosas, pois aparentemente além do marketing, estão ativas.
     Não é aceitável que um governo possa se submeter, em nome da governabilidade, a ocultação de sujeiras e desvios.
     Às autoridades públicas não é suficiente um comportamento correto, ele tem que ser inquestionável, inatacável.
     Se a uma autoridade na qual não se pode confiar é danoso para a nossa integridade moral, como país.
     Ficamos ofendidos quando algum gringo faz piada com nossa moral, com nossas mulheres, com o nosso desenvolvimento, mas será que estão errados?
     Ao se educar as crianças, o mais eficiente é o exemplo.
     As crianças aprendem a gostar da comida que comemos, dos hábitos que temos, reagem como nós.
     As sociedades também são assim.
     Se o poder constituído, se omitir ou até se portar de forma reprovável isso terá reflexos na sociedade que entende sabiamente que as coisas são assim.
     Porque ciclistas andam na contra mão de direção, não atravessamos nas faixas de pedestres, fazemos justiça com as próprias mãos, estacionamos em calçadas e em locais não adequados, proliferam as inúmeras invasões de terrenos, surgem favelas, aparecem flanelinhas, temos medo da polícia embora nada devamos, não execramos gestores públicos envoltos em corrupção, reconduzindo-os a novos cargos, onde repetirão seus atos.
     É claro que a maioria das autoridades é honesta e correta, seria impossível a convivência se assim não fosse, mas porque a sensação é que sempre estamos diante de uma maracutaia e que somos um país de malandros, onde todos estamos esperando a oportunidade de levar a nossa vantagem.
     Acho que a omissão, é tão ruim quanto os atos ilícitos.
     Se somente toma-se providências após as denúncias caírem na boca do povo, pela imprensa, no mínimo houve omissão das autoridades, quando não envolvimento, e com certeza perdeu-se a oportunidade de didaticamente, com a punição exemplar e ou com a simples divulgação dos fatos, coibir os novos casos.
     A demora na punição, a injustiça, a omissão, minam a confiança nessas entidades e a civilização e convivência da sociedade está firmada na certeza de que os valores legais valem para todos. Não é por ser próximo ao poder, próximo a autoridades que não necessito cumprir as leis.
     Se o nosso desejo é sermos uma nação civilizada e que possa nos dar orgulho necessitamos menos "carteiradas" e mais ação de nossas autoridades e entidades públicas.


    

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

EM CASO DE ASSALTO NÃO REAJA?

 



Os especialistas em segurança sugerem isso.

Esse lugar comum parece pouco produtivo, parece mais uma coisa de inconsciente coletivo, aceito como verdade absoluta e que ninguém mais questiona, inclusive os assaltantes que ao imaginarem uma reação simplesmente atiram e matam ou ferem e se apanhados pela polícia dizem que assim agiram pela reação da vítima.

Sequer contam com a surpresa instintiva da vítima, que pela abordagem geralmente violenta, perde a coordenação motora e deixa o carro morrer, começa a tremer, demora para reagir, não entende a ordem do criminoso.

Estamos numa época em que a culpa é sempre dos outros.

Ferir uma vítima é um ato criminoso e nada justifica que além da violência do assalto, o criminoso ainda use e abuse da sua superioridade para infligir um dano que poderá ser permanente e que ele não pagará.

Os bens materiais farão mais ou menos falta, mas poderão ser recuperados mas e os indiretos quando tiram a vida de um arrimo de família, do filho que cuidava dos pais, do líder comunitário.

Pelos bens o bandido poderá até pagar, se tiver o azar de ser preso, e posteriormente condenado e ainda cumprir pena, mas pelos danos indiretos ela nada paga e mais, onera cidadãos honestos que pagam seus impostos, contribuem com a sociedade ao ponto de ser mais caro aos cofres públicos que os estudantes.

Criminosos deveriam ser condenados a inclusive prover o seu sustento.

Precisamos de tanto em tantas áreas que parece irracional não haver quem levante essa bandeira.

As estradas públicas vivem abandonadas, as ruas e praças das cidades esburacadas e sujas, faltam moradias, saneamento básico e escolas vivem de favores. O que custaria fazer os presidiários arcarem com parte dos custos das suas acomodações?

Claro nem todos poderiam ter o direito de efetuarem algum “trabalho social”, os perigosos para a sociedade, traficantes, chefes de quadrilhas, continuariam confinados por motivos óbvios e poderiam ter atividades no confinamento.

Não consigo entender como é tão difícil fazer a coisa pública funcionar.

Não reagir ao assalto, parece uma atitude sensata, mas é sem dúvida acreditar que contra nossos instintos e a descarga de adrenalina, reajamos como profissionais treinados em sermos assaltados. Ainda vai demorar.

MALDITA INCLUSÃO SOCIAL


      Ultimamente temos festejado as diversas inclusões “sociais”, e as entendemos como evoluções positivas para a grande nação tupiniquim.
      Não posso deixar de notar que de fato consumimos mais, temos uma renda melhor e, portanto ascendemos socialmente no que se convencionou chamar classes sociais (A, B, C, D, E).
      O que antes era proibitivo para a maioria das pessoas, pelo alto custo, hoje tornou-se acessível ou pela renda maior ou pelas condições de financiamentos a perder de vista.
       No entanto, não evoluímos culturalmente ao ponto de sermos capazes de tirar todas as vantagens e possibilidades dos ganhos coletivos.
       Vejamos a telefonia móvel, praticamente um aparelho por cidadão, mas nossas tarifas são assustadoras, os consumidores ligam em qualquer lugar e falam qualquer coisa, nos obrigam a ouvir suas músicas, seus toques malucos sem falar que as operadoras nos tratam com descaso absoluto, onde é mais fácil trocar de operadora que resolver seus problemas com a atual.
       Acessar a internet, era melhor na época em que o acesso era discado, você contava com a demora.
       Hoje você tem que contar com a irregularidade e nunca, repito nunca, quando você não consegue acesso, é culpa dos que lhe fornecem os serviços.  
       Os mesmos equipamentos, os mesmos atos, restabelecem os acessos em outro momento, sem culpados, sem retratações, mesmo quando você reclamou e ouviu do telemarketing “o Senhor desculpe a demora, pois nosso sistema está lento” e você trate de ficar feliz.
       Nas ruas e estradas há muito mais carros, mas o comportamento não evoluiu, paramos e estacionamos em qualquer lugar, buzinamos para qualquer coisa, as regras de trânsito são para os outros, os pedestres atravessam a rua em qualquer lugar, sem ao menos olhar, nossas cidades vivem atulhadas de guardadores.
       Os aeroportos deixaram de ser um local civilizado, parecem um feirão, com direito a resíduos e animais, não consegue sentar, não consegue cumprir horários.
       Mas o pior são os atendentes.
       Raramente se consegue um serviço que preste, uma informação adequada.
       Maldita inclusão, dá recursos a quem não tem méritos, dá instrumentos a quem não aprendeu usá-los, empregos a despreparados e insere quem não necessitava, isto é, dá água a quem não tem sede.
       Necessitamos com urgência de crescimento cultural, de cidadania, onde as pessoas se reconheçam detentores de direitos, mas também de deveres e que todos aprendamos quer os direitos individuais, são limitados aos outros direitos individuais e os direitos coletivos devem ter preferência.
      

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

BRASIL PARA TODOS

     Recentemente (25/072011) a presidente(a) deste país esteve em Arapiraca AL e lançou mais um programa nacional, dos que prometem mundos e fundos, disse ela no seu discurso, vai erradicar a miséria e parte do plano é vai investir na construção de um milhão de cisternas.
     Não vejo nada mudar nesta história.
     Todos os governos anteriores despejaram rios de dinheiro para a erradicação dos problemas da seca, ninguém conseguiu e nem se conseguirá enquanto não se investir pesadamente em educação e na saúde destas pessoas.
     Entendo como investimento em educação a escolarização das pessoas com qualidade, com ensino sério, sem engodo. A educação que defendo, pressupõe capacitação das pessoas na compreensão do mundo, que resulte na capacidade destes cidadãos poder se expressar na língua nativa(e compreender o que as pessoas escrevem e falam), que sejam capazes de inovar e de se auto desenvolver e no futuro não tenham necessidade de serem tutelados pelo estado ou quem quer que seja, pois não parece certo apenas um terço das pessoas entender o que leem.
     Quando alguém fala em educação, neste país, primeiro reclama do salário dos professores, depois reclama da merenda e instalações escolares.
     Sempre que há manifestações de professores, significa bandeiras de partidos que se dizem socialistas tremulando, intermináveis dias sem aulas (não raro ameaçando o ano letivo) e pedidos de revisão salarial.
     O que constato pode até não ser verdade, mas é o que se mostra.
     Não reconheço nos movimentos, ideias recicladas, renovadas e mais aparentemente o governo não se interessa pela educação do seu povo e os professores também não.
     Para o governo a educação se resume na reforma de escolas (quase sempre em tempo letivo, prejudicando as aulas), no envio de material didático, nem sempre de grande qualidade e em tempo, alguns estados e municípios fornecem uniformes e só.  Todos os anos ao se iniciar o ano letivo, também começam os mesmos problemas, não necessariamente nesta ordem mas falta de material didático, escolas sem carteiras ou com estruturas a serem reformadas, falta de professores e com diversas improvisações.
     Mais um engodo está na eleição dos diretores escolares.
     Entendo que até pode ser o mais apto, o eleito, no entanto o sucesso da eleição está justamente na popularidade dos candidatos e não na aptidão. Portanto acabe-se com as nomeações políticas e eleições dos diretores e contrate-se por concursos, com avaliações rigorosas e com cobrança de resultados previamente definidos e acordados entre os gestores da educação e os diretores.  Talvez o(a) diretor(a) não necessariamente tenha que ser professor(a), basta que queira dar o melhor de si e que atenda as habilidades necessárias para dirigir uma unidade escolar,  de acordo com os objetivos definidos para que a educação forme cidadãos aptos serem inclusos numa sociedade que lhe dá direitos e lhe cobra deveres.
     A saúde está paralela à educação.
     Milhões de brasileiros são infectadas pelo de mal de chagas,  verminoses, malária, diarreias, dengue, não tem esgotamento sanitário básico, não acessa a água tratada e milhares sequer são registrados.
     Para estas pessoas sem saúde, a educação é mais nefasta ainda, pois se ela existisse provavelmente faria aos cidadãos de segunda classe, buscarem mecanismos que possibilitariam sua visibilidade, fariam associações, cobrariam dos governantes e encontrariam soluções utilizando-se do conhecimento e dos recursos disponíveis.
     Então quando o governo diz água para todos, não quer resolver o problema, mas quer votos para a próxima eleição, dizendo que é bonzinho e se preocupa com os habitantes do território, quando na verdade está sendo bonzinho e distribuindo benesses com os recursos alheios, objetivando apenas e tão somente levar vantagem político eleitoreira.