sexta-feira, 19 de julho de 2013

OS VALES QUALQUER COISA

Está sendo criado o vale cultura.

A desculpa desta vez, é que aos brasileiros falta dinheiro para consumir cultura.

Se fosse tão simples, estaria resolvido.

(Como todos sabemos, nossa cultura é sucesso no mundo todo, com inúmeros expoentes mundiais reconhecidos, filmes premiados, músicas famosas e cantadas pelo mundo todo nos Brazilians Days, aliás concorridíssimos. 

Nossos "fazedores de cultura" ficaram muito caros, pois a procura internacional pelas suas exibições e obras, inviabilizou os contratos em reais, agora somente fazem contratos em euros.)

Muitas causas podem ser citadas para o relativo pouco espaço, que a cultura ocupa na nossa economia, uma delas é o preço.  Entretanto nem a mais preponderante é, visto que muitos eventos são sucessos de público, apesar dos preços nada baratos.

Nossos filmes, nosso teatro, nossos museus, nossos livros, dentre outras manifestações culturais, excluindo as raras excessões são insucessos por:

- Dois em cada três brasileiros não entende o que lê;
- Os museus (em Salvador por exemplo) abrem das 9 as 17 durante a semana e a maioria não abre aos domingos, o zoológico abre;
- Os filmes nacionais em sua maioria são básicos, sem inovações, distantes de valores e da nossa realidade, pouco atraentes;
- Nossos "fazedores de cultura" tem aversão ao risco do negócio, não investem seus recursos, preferem os subsídios e não precisam de "clientes" para remunerar seu trabalho;
- Nossos músicos, raramente fazem shows em praças públicas;
- A pirataria de obras está em toda a parte, por preços atraentes;

Apesar de tudo isso, o cidadão que sair de casa para presenciar um evento, será atenazado por flanelinhas, assaltos e péssimos serviços.

O maior problema da nossa cultura, é ela não precisar das próprias pernas para andar, ela não precisa se pagar.

Faço um filme, escrevo um livro, monto uma peça de teatro, um show e capto recursos que os "investidores" abatem dos impostos, para o viabilizar.

Grande parte dos nossos artistas se dizem "esquerdistas", "socialistas", "progressistas" exceto, "capitalistas".

As obras são pagas antes de serem aprovadas pelo público com sucesso de público ou não.

Como se ter lucro ao se fazer arte fosse pecaminoso, condenável.

O vale cultura é uma dessas idéias que podem ser classificadas como esmola com o dinheiro dos outros, não resolve o problema, mas faz propaganda e ganha uns votinhos.

Acho que se extinguíssemos todos os apoios oficiais, haveria um certo baque inicial, mas posteriormente um consequente aumento de qualidade graças as inovações que serão apresentadas e aprovadas pelo público.

O vale cultura será devidamente desviado de suas funções idealizadas pelos nossos fazedores de cultura, como todas as benesses criadas para atender necessidades que não sabíamos que existiam.



ÍCONES

Estão faltando ícones para nos nortear.                  
O que dizer de estudantes que vão à escola armados para resolver uma divergência, ou para se vingar de uma cara feia, uma palavra enviesada, uma discussão banal.   
Líderes populares pegos com a mão na massa em desvios e falcatruas, típicos de principiantes.
Políticos e lideranças que nem mais se esforçam para esconder, que fazem qualquer coisa por um naco de poder.
Artistas e celebridades que estão mais preocupados com sua aparência física e performances amorosas que com a influência que suas opiniões e comportamentos podem ter em seguidores.
Ainda não valorizamos nossa história, nossos exemplos ancestrais, nossas conquistas e ainda que pelo menos para não cometer os mesmos erros.
Pelas ruas instalam-se ambulantes e toda sorte de ofícios em qualquer calçada e local ao seu bel prazer como se isso não tivesse consequências para os outros cidadãos.
O trânsito nas cidades e estradas é uma aventura em parte porque cumprir regras é uma exceção e dá a quem as cumpre a sensação de sair lesado, agravada pela falta crônica de sinalização, fiscalização e manutenção das ruas e rodovias.
Comerciantes acham que tem o direito de delimitar o espaço da rua em frente ao seu negócio para que ninguém estacione.
Temos Polícia Civil, Polícia Militar, Agentes de Trânsito e outros funcionários públicos e raramente são vistas abordagens, ninguém quer se incomodar, não vai dar em nada mesmo.
Reclamamos dos preços dos alimentos, dos combustíveis, dos estacionamentos, dos péssimos serviços públicos, da conta de luz e água, do atendimento nos supermercados e lojas de eletrodomésticos nos programas de rádio e não nos órgãos competentes.
Gatos de luz e água e furtos em lojas são alarmantes.
Fazemos necessidades fisiológicas pelas ruas, descartamos resíduos pelas janelas de nossos carros, depositamos lixo nos locais de coleta de forma inadequada, os catadores de recicláveis rompem as poucas embalagens inteiras e animais espalham o restante, afinal os garis ganham para isso não é?
Nossos alunos saem das escolas sem falar português e tampouco conhecem matemática.
Ainda assim nossos jornais, revistas e programas de televisão, tem mais espaço para futebol, fofocas das novelas e amores dos famosos, que política, economia e educação preponderantes para o nosso futuro.
Faltam-nos nortes, ou pior estamos com os errados.
É cada vez mais comum vermos menores infratores e que quando são apanhados lembram que são menores, portanto, inimputáveis. Nem os pais ou responsáveis respondem.
Aliás, é cada vez mais comum aparecerem vídeos, de mães agredindo desafetos de seus filhos e ou os apoiando quando cometem delitos como agressões a professores.
Caminhões e ônibus que sofrem panes ou acidentes têm suas cargas assaltadas antes mesmo de aparecer o socorro e antes mesmo de se importar com os feridos. Isso tudo envolvendo crianças, adolescentes, adultos, velhinhos e até autoridades.
Vamos às ruas em eventos como a parada gay, marcha para Jesus, mas somos tímidos para reclamar da corrupção, da educação paupérrima, da segurança pública de faz de conta, da falta de compromissos de nossos governantes.
Casos de corrupção são tratados com clemência, pois outros já fizeram isso antes.
Vândalos arrebentam vitrines, equipamentos públicos, saqueiam lojas, agridem policiais e clamam por direito de expressão.
Músicos exaltam feitos de traficantes, retratam o nosso tempo com visão limitada, sem horizontes. Dizem-se da periferia, discriminados, perseguidos sem no entanto se aprofundar, culpando autoridades, inimigos externos.
Nunca se faz mea culpa.
Por certo autoridades se omitem, mas também nós não fazemos a nossa parte.

Certamente a sociedade teria benefícios se todos estivessem preocupados em fazer o certo e não em buscar um jeitinho fácil.     

A FALTA DE MÉDICOS

               Nosso governo anda mal assessorado.
               Faltam médicos sim em muitos lugares, mas também faltam leitos, enfermeiros, medicamentos, instalações e gestão.
               Administrar é sempre gerir prioridades.
               As necessidades e desejos são sempre menores que nossas possibilidades.
               Nem sempre podemos ter as coisas que queremos ou desejamos, sempre temos menos recursos.
               Na vida privada planejamos a aquisição de bens, nossas despesas e orçamentos, priorizando os mais urgentes e os que não podemos prescindir.
               Então essa lógica não vale para a vida pública?
               Vale e tanto vale que as pessoas não estão mais se satisfazendo com os engodos governamentais.
               O governo federal edita uma medida provisória, criando um programa “mais médicos”, como panaceia para a solução de todos os problemas e lança ideias como enxurradas.
               Não amadurece soluções, não discute, não ouve.
               Determina a todos que colaborem e crê ser o poço das soluções miraculosas.
               As soluções que o governo apresenta só postergam a verdadeira solução.
               Descer do pedestal, propor e ouvir, deveriam ser o caminho. Demoraria mais certamente, mas seria uma solução definitiva e não temporária.
               Aliás, quem não tem muitos recursos, necessariamente tem que planejar para poder aproveitar melhor o pouco que tem.
               O governo aparenta total despreparo para enfrentar os problemas e faz a toque de caixa, ações que deveriam ser planejadas exaustivamente.  
       É perdulário na aplicação dos recursos públicos onde prioriza os holofotes em detrimento da efetividade, prioriza o lançamento dos projetos em detrimento da execução.
       Precisa pisar no chão de vez em quando.
       Precisa entender que tudo o que fizer, em algum momento, terá o reconhecimento e ou condenação.

       Gestões sempre serão lembradas pelos erros e acertos.