Confundimos basicamente civilidade
com simpatia.
Ser simpático é desejável, embora nem
sempre seja possível.
Ser
civilizado é sempre possível.
Costumamos
exigir simpatia dos famosos, dos políticos, das autoridades.
Não
costumamos exigir a civilidade.
Ser simpático
é muito fácil, sorrir solto, dizer o que querem ouvir e pronto. Somos uma
simpatia.
A civilidade
exige mais, exige que tenhamos em mente, o que é certo, o adequado, o
necessário, pode não ser o mais agradável, mas é o que tem os resultados mais
proveitosos.
Para ser
simpático, não cobramos os nossos direitos e por comodidade muitas vezes
toleramos e infringimos normas que com o tempo causam erosão das bases do que
se propõe proteger (amizades, convivências).
Nas
autoridades, acaba sendo irônico o procedimento, pois tem a delegação e a
incumbência legal de tomar as decisões necessárias e às vezes não às toma por
serem pouco simpáticas a parte do seu eleitorado mais estridente.
Autoridades
são especialmente sensíveis às questões sociais, e especialmente lenientes
quando se trata da exigência do cumprimento de leis pela parte da população
“mais carente”, como nos casos de invasões de áreas, ocupações irregulares,
informalidade.
Procedimentos
que no longo prazo prejudicam mais “os mais carentes”, que embora com um
investimento financeiro, de tempo, de preparação maior inicial, não precisariam
consertar os problemas mais tarde, não raro, após tragédias.
Deveria ser
possível responsabilizar as autoridades por omissões simpáticas, como quando ao
não coibir uma invasão, uma construção em área de risco a abertura de um
negócio sem os devidos respeitos a legislação, sobrecarregam a sociedade.
Criminosos
cometem atrocidades geralmente impulsionados não pela necessidade de
sobrevivência, mas pela conveniência, pela escolha de um modo de vida.
O camelô, o
flanelinha, o vendedor de lugares na fila, os cambistas, os comerciantes legais,
os investidores na bolsa de valores, os investimentos imobiliários, dentre
outros, todos o fazem com o objetivo de lucro.
A diferença é
que algumas ações são legais, outras não são.
Inconsequentemente
muitas vezes permitimos, toleramos e tentamos justificar com um bordão como: é
preferível um ambulante que um assaltante, oras quem não haveria de preferir?
O fato é que ser
simpático evita os necessários conflitos que impulsionam a evolução.
A civilidade
permite que os pontos de vista diversos sejam expostos, gerando os conflitos
que permitirão uma solução evolutiva progressiva e não caótica e de
conveniências, onde as pessoas quase sempre se portam como uma manada que
estoura ao menor sinal de problema, sem ter a noção de que as pessoas atingidas
também são as causadoras dos próprios problemas.
Preocupamos-nos
mais com a repercussão de discussões estéreis de fatos criados e propagados
pelos meios midiáticos que com os reais dos quais somos parte.
Ser simpático
é isso, estar mais preocupado com o que o famoso comeu, quem está namorando,
com a roupa que usa, que com a relevância que isso tem para o nosso dia a dia.
Ser civilizado
é ver a mesma notícia, mas ver que ela pouco ou nada acresce à nossa vida e
voltar a ver o dia a dia, com os desvios de recursos, a falta de serviços
públicos de qualidade e a falta de civilidade, oneram demais algumas pessoas
que por caráter ou formação, não se conforma e tenta remover os obstáculos e os
inertes.
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