quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

SIMPATIA E CIVILIDADE


            Confundimos basicamente civilidade com simpatia.
         Ser simpático é desejável, embora nem sempre seja possível.
         Ser civilizado é sempre possível.
         Costumamos exigir simpatia dos famosos, dos políticos, das autoridades.
         Não costumamos exigir a civilidade.
         Ser simpático é muito fácil, sorrir solto, dizer o que querem ouvir e pronto. Somos uma simpatia.
         A civilidade exige mais, exige que tenhamos em mente, o que é certo, o adequado, o necessário, pode não ser o mais agradável, mas é o que tem os resultados mais proveitosos.
         Para ser simpático, não cobramos os nossos direitos e por comodidade muitas vezes toleramos e infringimos normas que com o tempo causam erosão das bases do que se propõe proteger (amizades, convivências).
         Nas autoridades, acaba sendo irônico o procedimento, pois tem a delegação e a incumbência legal de tomar as decisões necessárias e às vezes não às toma por serem pouco simpáticas a parte do seu eleitorado mais estridente.
         Autoridades são especialmente sensíveis às questões sociais, e especialmente lenientes quando se trata da exigência do cumprimento de leis pela parte da população “mais carente”, como nos casos de invasões de áreas, ocupações irregulares, informalidade.
         Procedimentos que no longo prazo prejudicam mais “os mais carentes”, que embora com um investimento financeiro, de tempo, de preparação maior inicial, não precisariam consertar os problemas mais tarde, não raro, após tragédias.
         Deveria ser possível responsabilizar as autoridades por omissões simpáticas, como quando ao não coibir uma invasão, uma construção em área de risco a abertura de um negócio sem os devidos respeitos a legislação, sobrecarregam a sociedade.
         Criminosos cometem atrocidades geralmente impulsionados não pela necessidade de sobrevivência, mas pela conveniência, pela escolha de um modo de vida.
         O camelô, o flanelinha, o vendedor de lugares na fila, os cambistas, os comerciantes legais, os investidores na bolsa de valores, os investimentos imobiliários, dentre outros, todos o fazem com o objetivo de lucro.
         A diferença é que algumas ações são legais, outras não são.
         Inconsequentemente muitas vezes permitimos, toleramos e tentamos justificar com um bordão como: é preferível um ambulante que um assaltante, oras quem não haveria de preferir?
         O fato é que ser simpático evita os necessários conflitos que impulsionam a evolução.
         A civilidade permite que os pontos de vista diversos sejam expostos, gerando os conflitos que permitirão uma solução evolutiva progressiva e não caótica e de conveniências, onde as pessoas quase sempre se portam como uma manada que estoura ao menor sinal de problema, sem ter a noção de que as pessoas atingidas também são as causadoras dos próprios problemas.
         Preocupamos-nos mais com a repercussão de discussões estéreis de fatos criados e propagados pelos meios midiáticos que com os reais dos quais somos parte.
         Ser simpático é isso, estar mais preocupado com o que o famoso comeu, quem está namorando, com a roupa que usa, que com a relevância que isso tem para o nosso dia a dia.
         Ser civilizado é ver a mesma notícia, mas ver que ela pouco ou nada acresce à nossa vida e voltar a ver o dia a dia, com os desvios de recursos, a falta de serviços públicos de qualidade e a falta de civilidade, oneram demais algumas pessoas que por caráter ou formação, não se conforma e tenta remover os obstáculos e os inertes.

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